sábado, 9 de agosto de 2014

O necessário rigor na prática clínica psi

Tenho visto muitas "aventuras" envolvendo a psicanálise por aí. Parece que ela tem sido vendida como uma espécie de "segunda profissão" para as horas vagas. Nao é assim! Não vai funcionar dessa forma! Não dá para brincar de ser psicanalista em um consultório. Claro que você pode dividí-la com outras afazeres da área, mas é preciso muito cuidado para manter certos rigores. Claro que você pode fazer uma formação em psicanálise para aperfeiçoar tua visão do mundo e ampliar a forma de ler a realidade. Mas, o manejo da técnica num consultório não é tão simples como muitos pensam e o processo que envolve fala e escuta está cheio de pormenores que exigem rigor metodológico e conceitual.

Nem por isso, entretanto, trata-se de uma profissão que tem boa aceitação. Aquilo que Freud dizia ainda está valendo: a psicanálise é, a todo tempo, atacada. Mas, apesar de tudo, me orgulho da forma como nossa atuação é "regulada". Muitos profissionais já ouviram falar do tal "tripé" necessário para nossa atuação clínica, mas nem todos, infelizmente, o levam tão a sério. E esse recado tem que ser dado principalmente aos mais novos. 

Do que estou falando? De que para tornar-se um profissional da psicanálise, especialmente, você precisa, além de uma formação teórica ampla (curso superior + formação específica de 3 ou 4 anos em psicanálise), precisa manter-se em ATUALIZAÇÃO CONSTANTE com a teoria e a técnica (seminários, cursos de formação etc.), precisa manter-se em ANÁLISE PESSOAL (como avançar com o paciente se não avançamos em nossas próprias questões?) e precisa manter-se com SUPERVISÃO CLÍNICA (como suportar os atendimentos sem o apoio de um olhar diferente que vem de um outro profissional?). 

É nesta "rede" que nos situamos. Não há como escapar dela. Sentimos falta de cada uma das pontas deste tripé em nosso dia a dia na clínica! O alerta que sempre faço aos colegas do campo psi é o de que, em nossa área de atuação, não existem "manuais" ou "modelos" a seguir como se fossem "receitas de bolo" onde abrimos a página para fazer um diagnóstico e receitar algo. Ou nos abrimos para um diálogo constante com a novidade ou perderemos toda a vitalidade e energia nos nossos atendimentos, e só estaremos fazendo o "mais do mesmo"! É o preço que pagamos por nossa escolha!!!

(José Henrique P. e Silva)

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