Taí um tema para uma boa discussão. Psicanálise é psicoterapia?Para o público geral é praticamente impossível fazer diferença. E mesmo dentro da psicanálise essa distinção não é simples e muitos profissionais nem dão bola para tal debate. Mas é bom se tentar algo e, para isso tem um trabalho da Radmila Zygouris (Psicanálise e Psicoterapia, 2011, Ed. Via Lettera). Em um de seus primeiros parágrafos, ela diz:
... a psicoterapia se satisfaz em diminuir o sofrimento, enquanto a psicanálise visa uma modificação que vai além da supressão dos sintomas, podendo, inclusive, aceitar sua persistência (p. 5).
Ou seja, enquanto a psicoterapia visa a supressão do sintoma (sua "cura"), a psicanálise é muito mais um "mecanismo" que funciona "podendo" levar a essa "cura". Se a psicoterapia tem um compromisso maior com o SINTOMA, o compromisso da psicanálise é mais com o INDIVÍDUO. Mas, essa demarcação é bem nítida mesmo? Ora, na própria psicanálise as demandas estão cada vez mais caracterizadas pela busca de espaços para "FALAR" e não necessariamente fazer "ANÁLISE". Dá para recusar estas demandas por "falar"? Ora, vez por outra uma demanda dessas por "falar" acaba se transformando em uma dinâmica analítica. Mas, isso significa que a psicanálise tem que aceitar todas as demandas? Não! E, como recusar? É preciso se saber bem o que estamos tratando com a psicanálise! Nosso método e nossa técnica ainda está guiado pela "transferência". Se for para ela não ocorrer, o que estaremos fazendo ali com o paciente? Análise certamente não será! Enfim, bom tema para se debater entre os profissionais!!!
(José Henrique P. e Silva)