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sábado, 26 de julho de 2014

A "mortificação do corpo" pelo excesso de cuidado

É claro que a massificação de certas ideias só funciona porque nossa "percepção" se uniformiza, perdendo muito de sua capacidade crítica. Estou falando sobre isso porque esta semana vi a foto de um bebê no facebook e havia um comentário assim: "nossa, quanta celulite!". Claro que era um comentário isolado e em tom de brincadeira, mas é um comentário que retrata bem algo que ocorre de forma mais ampla, afinal já existe uma "onda" de se tratar até fotos de bebês com photoshop antes de irem para os álbuns. 

Vivemos um momento de plena exaltação do "corpo", saúde e beleza foram associadas diretamente à ideia de um corpo jovem e bem cuidado. Ok, o problema, como sempre, está no excesso que essa ideia transmite. Por que o cuidado excessivo com o corpo? São cada vez mais frequentes, nesse culto do corpo, os casos de problemas de autoimagem que vão parar nos consultórios.

Gosto de usar o conceito de "mortificação do corpo" para entender um pouco isso tudo, sempre lembrando que, hoje, cuidar excessivamente do corpo, mais do que algo do "feminino" e de uma imposição cultural às mulheres, é reflexo de uma "CULTURA DO CORPO". Uma cultura que segue a lógica em que tudo vira uma "mercadoria". O drama é que quanto mais olhamos para o "corpo" menos somos capazes de enxergar nossa subjetividade, interioridade. Elegemos o "corpo" como nossa principal mercadoria em busca de uma satisfação plena, que nos imortalize e rompa com todos os nossos limites. Acho que é muito pouco e, pior, estamos transformando o "corpo" em depósito cada vez maior de nossas ansiedades e angústias!!!

Cuidar do corpo? Ótimo!!! Mas a questão é: Estamos cuidando excessivamente do corpo para não cuidar de outras coisas?

(José Henrique P. e Silva)

sexta-feira, 4 de julho de 2014

O cotidiano também traz oportunidades!

Foto: Dado o extremo apego a "comédias românticas" e certa resistência em encarar filmes "arrastados" e com diálogos longos, definitivamente, NEBRASKA (2013) não é um filme para grandes públicos. Mas, se você tiver um pouco de paciência e gostar mesmo de acompanhar os personagens buscando identificações nos pequenos gestos e expressões, pode gostar. O filme trata de um cotidiano horrível e maravilhosamente comum. Horrível porque nosso cotidiano pode ser entediante a ponto de nos tornarmos amargos, silenciosos e fáceis vítimas de uma FANTASIA que alimente algum tipo de esperança em nossa vida. Mas, maravilhoso porque é neste cotidiano simples e arrastado que nossas relações são construídas e podemos nos sentir parte de algo. É neste cotidiano, mesmo arrastado e amargurado, que temos sempre a chance de pequenas descobertas acerca dos que estão ao nosso redor e de nós mesmos. Lembranças, pequenas revelações, como que pequenas peças de um quebra-cabeças, vão surgindo e dando forma, fazendo sentido, ao que parecia desconexo. É assim que, uma pequena viagem, de poucos dias, pode possibilitar diálogos e descobertas que toda uma vida tinha esquecido ou transformado em amargura. Nada é garantia de certeza ou felicidade, mas... de alguma esperança! No final das contas, mesmo sem percebermos já estamos pertencendo a algo... a uma família, por exemplo. E não estamos tão sozinhos assim! E aí é o momento em que tantas fantasias devem dar lugar de volta à realidade, dura e fria, mas repleta de possibilidades e reencontros com os que amamos. Não perdemos nada com esses pequenos esforços... só ganhamos! Nos livramos de fantasias que nos paralisavam! 

(José Henrique P. e Silva)

Dado o extremo apego a "comédias românticas" e certa resistência em encarar filmes "arrastados" e com diálogos longos, definitivamente, NEBRASKA (2013) não é um filme para grandes públicos. Mas, se você tiver um pouco de paciência e gostar mesmo de acompanhar os personagens buscando identificações nos pequenos gestos e expressões, pode gostar. O filme trata de um cotidiano horrível e maravilhosamente comum. Horrível porque nosso cotidiano pode ser entediante a ponto de nos tornarmos amargos, silenciosos e fáceis vítimas de uma FANTASIA que alimente algum tipo de esperança em nossa vida. Mas, maravilhoso porque é neste cotidiano simples e arrastado que nossas relações são construídas e podemos nos sentir parte de algo. É neste cotidiano, mesmo arrastado e amargurado, que temos sempre a chance de pequenas descobertas acerca dos que estão ao nosso redor e de nós mesmos. Lembranças, pequenas revelações, como que pequenas peças de um quebra-cabeças, vão surgindo e dando forma, fazendo sentido, ao que parecia desconexo. É assim que, uma pequena viagem, de poucos dias, pode possibilitar diálogos e descobertas que toda uma vida tinha esquecido ou transformado em amargura. Nada é garantia de certeza ou felicidade, mas... de alguma esperança! No final das contas, mesmo sem percebermos já estamos pertencendo a algo... a uma família, por exemplo. E não estamos tão sozinhos assim! E aí é o momento em que tantas fantasias devem dar lugar de volta à realidade, dura e fria, mas repleta de possibilidades e reencontros com os que amamos. Não perdemos nada com esses pequenos esforços... só ganhamos! Nos livramos de fantasias que nos paralisavam! 

(José Henrique P. e Silva)

quinta-feira, 19 de junho de 2014

A neurose obsessiva é uma estratégia masculina?

Durante muito tempo se associou a histeria à mulher e a neurose obsessiva ao homem. Sabemos que esta regra não é tão rígida assim. Mas, como "solução" ou "estratégia" vemos que as mulheres se utilizam mais da histeria e os homens da neurose obsessiva. No caso da neurose obsessiva, por exemplo, ela tem uma forte lógica fálica, ou seja, a questão do "TER" é fundamental. Não à toa o homem atribui muito valor a "ter" isso ou aquilo, sempre o melhor, o maior, o mais novo, em mais quantidade, enfim, como se estivesse numa permanente disputa. O pano de fundo é a tentativa que faz em ao "ter" mais poder tapar o buraco que a falta lhe faz. É a posse do objeto que lhe dá a sensação de segurança e atenua seu desejo. Isso os homens fazem bem melhor que as mulheres, sem dúvida alguma. Por isso são muito mais obsessivos!!!

quarta-feira, 18 de junho de 2014

O "cuidar compulsivo" no tratamento a doentes terminais


Um estado patológico "interessante" é aquele que surge em algumas pessoas que, quando estão "cuidando" intensivamente de uma pessoa muito doente, praticamente, "desejam" a sua morte. Trata-se, evidentemente, de um desejo inconsciente. É diferente daquelas situações onde, de forma consciente, sabemos que o fim da pessoa está próximo e acabamos torcendo para que sua morte venha como um "alívio" para ela mesmo. Mas, nesses casos patológicos de que falei, o comportamento é diferente. Há relatos do tipo: "tenho muito medo que aconteça algo e ele(a) morra". E, com base nesse "medo obsessivo" a pessoa acaba desenvolvendo um "cuidar compulsivo". É aí que pode surgir a patologia mostrando que essa vontade excessiva de "cuidar" pode ser uma reação àquele "desejo oposto" de que a pessoa, enfim, morra. Mas, por que, então, "cuidar" tanto? O cuidar em excesso, nesses casos, viria como resposta ao sentimento inconsciente de culpa gerado pelo desejo de morte. "Estar perto" do doente é necessário para justamente evitar ideias obsessivas que podem revelar o desejo de fazer algum mal. Bem, mas isso é só uma hipótese, que pode ser aplicada em casos específicos que acontecem de vez em quando e que, como profissionais, precisamos estar atentos!!!

A depressão no masculino e no feminino

Não tenho dúvida que os homens estão buscando mais a terapia hoje em dia. Não no mesmo ritmo das mulheres, mas tem algo que me chama a atenção. Vez por outra ouço que "homem não se deprime". Como assim? Diz o senso comum que enquanto a mulher se deprime, chora e vai em busca de ajuda profissional, o homem se irrita e foge de qualquer ajuda profissional. Ok, concordo, mas são estratégias distintas de se lidar com o mesmo problema. O pano de fundo é a depressão. A questão é que os homens, na sua maioria, (e as "mulheres fálicas") ao invés do abatimento tradicional parte para a "irritabilidade", a "violência", para o "excesso de trabalho", para a "bebida", as "drogas" etc., como que sentindo-se impossibilitado de demonstrar fraqueza. isso, portanto, invalida a tese de que as mulheres são as que mais sofrem com a depressão, principalmente nos dias de hoje em que a masculinidade sofre abalos seríssimos em suas estruturas. Os homens estão só começando a lidar com suas fraquezas!!!

O "perfeito" numa relação

As sessões de análise são verdadeiras "provocações" rs. Muito mais instigantes que qualquer teoria. Logo cedo me vem uma pergunta: "Por que todos os casamentos não podem ser perfeitos?". Aí penso: "mas existe algum casamento perfeito?" O problema numa colocação assim não está no "casamento", mas no "perfeito". Por que precisamos tanto ter a "certeza" de que algo está ou é "perfeito"? E o que é ser "perfeito"? Não há modelos a seguir. É claro que estar juntos a bastante tempo pode melhorar o relacionamento, mas a questão não é tanto o "tempo" mas a "qualidade", a forma de "funcionamento" da relação. relacionamento é "construção" permanente de algo que não sabemos bem onde vai parar, mas que todo dia temos uma "pista" desse caminho a seguir. É só ter boa vontade em lidar com os imprevistos e com as diferenças que vão surgindo. Então...não há casamento "perfeito" porque simplesmente não há nada "perfeito", mas existem coisas que nos deixam felizes...por uma vida inteira! Não basta?

A necessária incerteza


Necessitar "estar certo" é uma ilusão, uma fantasia obsessiva que nos atrapalha bastante e impede tantos diálogos e relacionamentos que poderiam ser tão interessantes ...! Precisamos estar seguros que por pior que seja a incerteza e o risco poderemos sobreviver!!!

(José Henrique P. e Silva)