É claro que a massificação de certas ideias só funciona porque nossa "percepção" se uniformiza, perdendo muito de sua capacidade crítica. Estou falando sobre isso porque esta semana vi a foto de um bebê no facebook e havia um comentário assim: "nossa, quanta celulite!". Claro que era um comentário isolado e em tom de brincadeira, mas é um comentário que retrata bem algo que ocorre de forma mais ampla, afinal já existe uma "onda" de se tratar até fotos de bebês com photoshop antes de irem para os álbuns.
Vivemos um momento de plena exaltação do "corpo", saúde e beleza foram associadas diretamente à ideia de um corpo jovem e bem cuidado. Ok, o problema, como sempre, está no excesso que essa ideia transmite. Por que o cuidado excessivo com o corpo? São cada vez mais frequentes, nesse culto do corpo, os casos de problemas de autoimagem que vão parar nos consultórios.
Gosto de usar o conceito de "mortificação do corpo" para entender um pouco isso tudo, sempre lembrando que, hoje, cuidar excessivamente do corpo, mais do que algo do "feminino" e de uma imposição cultural às mulheres, é reflexo de uma "CULTURA DO CORPO". Uma cultura que segue a lógica em que tudo vira uma "mercadoria". O drama é que quanto mais olhamos para o "corpo" menos somos capazes de enxergar nossa subjetividade, interioridade. Elegemos o "corpo" como nossa principal mercadoria em busca de uma satisfação plena, que nos imortalize e rompa com todos os nossos limites. Acho que é muito pouco e, pior, estamos transformando o "corpo" em depósito cada vez maior de nossas ansiedades e angústias!!!
Cuidar do corpo? Ótimo!!! Mas a questão é: Estamos cuidando excessivamente do corpo para não cuidar de outras coisas?
(José Henrique P. e Silva)