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sábado, 26 de julho de 2014

Psicanálise é Psicoterapia?


Taí um tema para uma boa discussão. Psicanálise é psicoterapia?Para o público geral é praticamente impossível fazer diferença. E mesmo dentro da psicanálise essa distinção não é simples e muitos profissionais nem dão bola para tal debate. Mas é bom se tentar algo e, para isso tem um trabalho da Radmila Zygouris (Psicanálise e Psicoterapia, 2011, Ed. Via Lettera). Em um de seus primeiros parágrafos, ela diz:

... a psicoterapia se satisfaz em diminuir o sofrimento, enquanto a psicanálise visa uma modificação que vai além da supressão dos sintomas, podendo, inclusive, aceitar sua persistência (p. 5).

Ou seja, enquanto a psicoterapia visa a supressão do sintoma (sua "cura"), a psicanálise é muito mais um "mecanismo" que funciona "podendo" levar a essa "cura". Se a psicoterapia tem um compromisso maior com o SINTOMA, o compromisso da psicanálise é mais com o INDIVÍDUO. Mas, essa demarcação é bem nítida mesmo? Ora, na própria psicanálise as demandas estão cada vez mais caracterizadas pela busca de espaços para "FALAR" e não necessariamente fazer "ANÁLISE". Dá para recusar estas demandas por "falar"? Ora, vez por outra uma demanda dessas por "falar" acaba se transformando em uma dinâmica analítica. Mas, isso significa que a psicanálise tem que aceitar todas as demandas? Não! E, como recusar? É preciso se saber bem o que estamos tratando com a psicanálise! Nosso método e nossa técnica ainda está guiado pela "transferência". Se for para ela não ocorrer, o que estaremos fazendo ali com o paciente? Análise certamente não será! Enfim, bom tema para se debater entre os profissionais!!!

(José Henrique P. e Silva)

Psicanálise e Biofarmacologia

Qualquer um sabe que entre a psicanálise e a biofarmacologia existem encontros e desencontros. E é natural que seja assim, pois embora tratem do indivíduo elas o enxegam de ângulos distintos. Enquanto a Biofarmacologia, evidentemente, valoriza o sintoma, o corpo, o orgânico, o cérebro, o bioquímico, a Psicanálise enfatiza o PSÍQUICO e sua capacidade de afetar nossos pensamentos, ações e nosso corpo. Nunca vi motivos para uma rixa tão grande assim entre as duas disciplinas, pois a biofarmacologia, assim como a psicanálise, tem seu campo de atuação, suas conquistas. O porém que a Psicanálise coloca é quando a biofarmacologia tira do sujeito (através da medicação excessiva) aquilo que lhe é constituidor da identidade: A FALA. 

Dopar, manter em estado de torpor, pode ser um recurso útil em momentos de crise aguda onde a existência do sujeito está em risco, mas fazer disso uma prática de "cura" é só alcançar um mínimo "controle" que inviabiliza qualquer possibilidade de buscar alguma funcionalidade naquele sujeito. Mas, esta é uma discussão difícil. A sociedade e a mídia estão muito próximas da ideia de uma "cura" que venha exclusivamente através da medicação. Além disso, numa comparação simplista, o valor do tratamento inicial com fármacos antidepressivos, por exemplo, parece inferior ao da análise, embora esta, no médio e longo prazos apresente menor reincidência da depressão e efeitos mais duradouros, além de dotar o indivíduo de capacidade de enfrentamento à depressão. É um longo debate, e nenhuma solução virá como regra geral para todos. Até porque nem todos se adaptam às medicações e nem todos se adaptam à análise. O importante é manter o debate e oferecer ao indivíduo a possibilidade de escolher o que quer e o que pode fazer de si mesmo!!!

(José Henrique P. e Silva)