sábado, 2 de agosto de 2014

Roxy Music: aspectos de sua trajetória

Outro dia, buscando algo para assistir na TV, passando de um canal para outro, meio que freneticamente, encontrei um documentário sobre a banda Roxy Music. Logo esbocei um sorriso pois não é nada fácil se encontrar algo sobre a Roxy. Bem, vale a pena registrar aqui algumas coisinhas. 

Foi uma banda muito legal e que acompanhei durante bom tempo ainda no início de minha adolescência. Naqueles momentos em que era tão difícil encontrar um disco e que, pra ser fã, voce tinha que fazer muito esforço mesmo, pois não haviam as facilidades trazidas pela globalização e pela internet. Alguns de seus integrantes (Ferry e Eno) eram da faculdade de Belas Artes em Newcastle, alunos de Richard Hamilton, uma espécie de Andy Warhol inglês, um guru do pop e da arte como colagem. E o que a Roxy Music fez foi justamente uma estreita ponte entre essa arte pop e o rock, tentando criar uma nova espécie de "arte popular". Seus membros? Bryan Ferry, Andy Mackay, Brian Eno, Paul Thompson (baterista), Graham Simpson, Phil Manzannera. Depois vários outros vieram.

Eram excêntricos? Claro que sim, mas não somente no visual. Principalmente, na música. Exploravam estilos musicais diferentes, sempre encontrando espaço para romantismo e sensualidade. Isso, sem dúvida, sempre foi a cara do Bryan Ferry.

O primeiro LP "Roxy Music" sai em 1972. Aquele com uma modelo na capa. É interessante lembrar como muitos diziam que se tratava de Glam Rock, ou seja, pura cafonice. Mas, era diferente. Não era só visual excêntrico. Neste álbum, por exemplo, o destaque para "If There is Something" que, em 2008 foi parte da trilha musical do excelente filme "Reflexos da Inocência", cujos dois atores, adolescentes, tentam recriar um pouco do clima que era muito próprio da banda. O segundo álbum, "For Your Pleasure", veio no anos seguinte, 1973. Destaque aqui para a música "In Every Fream Home a Heartache".

Depois vieram outros, mas as trocas de integrantes aumentaram, o ego de Ferry inflou, ficaram anos sem gravar nada. Mas, ficava clara sua influência sobre o Punk Rock e, depois, sobre os "novos românticos", como Duran Duran e outros mais.

No início era um rock de vanguarda com forte apelo popular, pós-hippie e fortemente melódico. Com o tempo, era mais que natural, que Ferry se voltasse para o romantismo. Ficou ainda mais melódico, mas a batida forte do rock permaneceu. Um exemplo? O solo de guitarra de Manzanera em "Jealous Guy", música escrita por John Lennon, mas que se transformou em uma música "da" Roxy Music.

Cada vez mais a voz de Ferry ia se sobrepondo a tudo e todos. A "banda" foi desaparecendo. Certamente Ferry tinha um projeto desde o início, e nunca o abandonou, ou melhor, foi conhecendo-o e construindo-o ao longo do tempo, independente das formações da banda. Em 2001 reuniram-se para tocar de novo. Enfim, foi uma época em que muitas bandas do rock clássico estavam fazendo isso. Em 2005, até Brian Eno volta para a gravação de um novo disco. Foi uma experiência mágica para todos. Tudo era como há 30 anos atrás. E a platéia agradecia. O mundo do rock agradecia. Eu agradeci muito.

Muitos, nos anos 2000, diziam que a volta de velhas bandas não era mais que a incapacidade de velhos rockeiros conviverem com a idade e com o tempo que passou. Talvez, mas prefiro acreditar que eles nos dão uma nova chance... uma chance conhecer e reviver a boa música e não ficarmos presos à esse "rebaixamento cultural" tão típico dos últimos 20 anos. Nenhum desprezo pelo que se tem feito atualmente, mas os caras de antes merecem toda a reverência! Os de hoje, pra ocuparem seu espaço, precisam se esforçar mais! bem mais!

(José Henrique P. e Silva)

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