Se tem um terreno pantanoso e perigoso de se caminhar é o da educação dos filhos. Seja para quem educa, seja para quem quer conversar a respeito, nunca é fácil lidar com a situação. Mas, a despeito dos riscos há sempre algo que pode ser dito e, quem sabe, melhorarmos nossa atenção e atuação. Eu, por exemplo, confesso que as vezes me pego surpreso com as buscas por uma espécie de "manual de orientações" para a educação dos filhos.
Parece que esta busca tem sido mais que comum hoje em dia, tempos em que as "intuições naturais" e os "velhos modos" de se lidar com a questão parecem ter sido abandonados em prol de uma extrema dependência de "conselhos" de profissionais, a voz de "autoridades" (psicólogos, professores, pediatras etc.), o que leva a um abandono de si mesmo e em todo o conhecimento já adquirido.
Mas, vamos lá. Um exemplo bem claro disso está naquela situação que, para muitos pais, vira sinônimo de uma quase "desgraça": dizer um "não" para o filho! Tudo bem, é claro que é difícil dizer um "não", afinal, quem quer "magoar" um filho? Quem quer vê-lo "triste" por qualquer motivo que seja? Mas, a questão é que este "não", por vezes, é uma demanda do próprio filho. A criança as vezes não só precisa ouvir a palavra, como parece nos exigir que ela lhe seja dirigida.
Parece que esta busca tem sido mais que comum hoje em dia, tempos em que as "intuições naturais" e os "velhos modos" de se lidar com a questão parecem ter sido abandonados em prol de uma extrema dependência de "conselhos" de profissionais, a voz de "autoridades" (psicólogos, professores, pediatras etc.), o que leva a um abandono de si mesmo e em todo o conhecimento já adquirido.
Mas, vamos lá. Um exemplo bem claro disso está naquela situação que, para muitos pais, vira sinônimo de uma quase "desgraça": dizer um "não" para o filho! Tudo bem, é claro que é difícil dizer um "não", afinal, quem quer "magoar" um filho? Quem quer vê-lo "triste" por qualquer motivo que seja? Mas, a questão é que este "não", por vezes, é uma demanda do próprio filho. A criança as vezes não só precisa ouvir a palavra, como parece nos exigir que ela lhe seja dirigida.
Por incrível que parece dizer um "não" a um filho parece nos fazer sentir "fracos". Não é fraqueza. Talvez seja algo mais próximo do medo de "falhar". Mas, por falar em fraqueza, o que a criança não precisa mesmo é de pais "fracos". Mas, além de pais "fracos", ela não precisa também só de pais "amigos". O que ela precisa mesmo é de "pais"! Pais que estejam dispostos a assumir suas funções mais simples e naturais. Aquelas funções de atender às duas necessidades fundamentais às crianças: acolhimento e limite.
Quando uma destas duas necessidades falta em demasiado é praticamente certo o surgimento de dores de cabeça mais sérias. Ora, então as duas únicas coisas contra as quais devemos ser muito críticos, e nos precaver, é a violência (física ou psicológica) e o déficit de afeto. Fora isso, existem mil possibilidades de relacionamentos entre pais e filhos e cada uma com o seu próprio e merecido valor, pois não existem pais iguais e nem filhos iguais, onde um sirva de modelo para o outro.
É claro que a "educação" acontece entre a autoridade e a flexibilidade, e justamente por isso pretender encontrar uma "fórmula ideal" é pura perda de tempo. Como encontrar o ideal no "entre", no "meio caminho"? Não dá! O "ideal" nada mais é que aquele encaixe que está sempre à beira de um "clic", pois está sempre sendo desafiado pelas circunstâncias da realidade. Então, por exemplo, ser "amigo" do filho não significa que, em determinados momentos, não tenhamos que ser duros ao impor um limite e sustentar uma posição. É assim, com afeto e limites que a criança vai se estruturando, e vamos conseguindo realizar nossas funções.
Não precisamos ter vergonha em dizer "não" para um filho. O que é vergonhoso mesmo são as agressões e a recusa ao afeto. A trilha da educação não é a de uma estrada bem pavimentada. É uma trilha mesmo, daquelas cheias de armadilhas mas, é em meio a esses percalços que vão se dando os momentos de amizade, momentos de afeto, momentos de impor limites. O que não dá é para "pasteurizar" nossos comportamentos como pais e adotarmos recomendações como se fossem "receitas" que servem para todos e para todas as ocasiões. Não tem jeito! Assumir as funções de pais nos exige mergulhar nas situações do cotidiano de nossos filhos. E, nesse processo, temos que deixar mais espaço para os instintos, para o que é natural, para o que aprendemos com a vida e com outras gerações anteriores. Não precisamos nos robotizar para fantasiar a ideia de que vamos fornecer a educação "ideal" para nossos filhos. Essa educação não existe e, nessa busca só perdemos a naturalidade e entramos no perigoso terreno da paranóia!
O que pouco se conversa, entretanto, é sobre as razões pelas quais não se está conseguindo dizer "não" aos filhos. Aí temos que olhar para nós mesmos e nos perguntarmos sobre este porquê, afinal de contas, que medo é este que nos impede de mostrar limites nos nossos filhos? Claro que vendeu-se, durante um bom tempo, a ideia de que o "pai amigo" seria o substituto ideal do "pai bruto" da geração passada. O problema é que nem sendo "bruto" nem sendo "amigo" se garante, necessariamente, as duas faces da moeda tão necessárias à crianças: os limites e o afeto. O "bruto" e o "amigo" são apenas variáveis de nossa dificuldade em lidar com esta tremenda tarefa de, com amor e cuidado, mostrar os melhores caminhos e riscos para nossos filhos, sem nos sentirmos culpados por nada!
"Limites". Parece uma palavra banida do dicionário. Parece uma palavra que nos assusta, que agride, que impede o próprio desenvolvimento, que tira a liberdade. Besteira! Nada tira mais a liberdade de uma criança que não poder contar com a necessária margem que o cuidado e a atenção dos pais oferece à seus ímpetos. Não é o "limite" que freia a criança em seu desenvolvimento e a falta dele que não lhe dá parâmetros para saber como buscar e como ser livre, de fato. Por que, então, o medo de dizer "não"? Nenhum "não" é tão prejudicial à criança quanto a própria falta de "limites"!
(José Henrique P. e Silva)