De forma geral, bem geral, o "ressentido" se coloca como um "derrotado" que se identificou ao papel de "vítima" que, em consequência, elege "culpados" que, supostamente, lhe fizeram algum "mal". É nesse LUGAR DE VÍTIMA que se instala o ressentimento.
Quando se coloca nesse lugar de vítima, o ressentido destina boa parte do tempo para "acusar", nem tanto para receber de volta algo que acha que lhe devem, mas para desejar que o outro esteja permanentemente reconhecendo o "mal" que teria lhe feito. É uma espécie de "vingança", sempre ADIADA, pois o gozo (satisfação, prazer) está na fantasia de ser "vítima", e não necessariamente na realização da vingança.
É o que Freud chama de "COVARDIA MORAL", ou seja, o ressentido renuncia aos eu desejo para se submeter ao outro através de uma severa cobrança (discurso de vingança). Assim, no ressentimento, a vingança (nem o perdão) não se realiza, é um meio de gozo, assemelhando-se à melancolia. O sujeito fica aprisionado. Há uma repetição, uma insistência na queixa, um prazer com a dor. Esta é uma leitura que se pode fazer sobre o ressentimento!!!
Raiva e mágoa sãp sintomas que quase sempre estão presentes no ressentimento, mas não o explicam totalmente. A MÁGOA, por exemplo, é a dor de uma ferida narcísica (no Eu) ainda aberta e que, como o luto, precisa de um tempo para a reparação da perda, pois toda a libido (energia, pulsão, atenção) ainda está concentrada na ferida aberta. Por outro lado, a RAIVA tem prazo de validade já que busca uma solução na vingança ou no perdão. Então, no caso da raiva a vingança pode se concretizar, mas no ressentimento não, a vingança não se realiza. Como havia dito antes, o sujeito fica aprisionado a uma "repetição", uma insistência na queixa, um prazer com a dor.
(José Henrique P. e Silva)