Durante muito tempo a neurose foi retratada como no seguinte exemplo: uma pessoa absolutamente "normal" de súbito, em momentos de crise, era transtornada por impulsos ou atos inadequados que faziam irromper a neurose, com todos os seus sintomas. Assim, a pessoal "normal" era invadida pela "neurose".
Tudo isso é só um estereótipo mesmo e muitos filmes retrataram a neurose dessa forma. Mas, ao contrário disso, o que predomina, principalmente hoje em dia, é a quase inexistente fronteira entre a personalidade "normal" e o sintoma ("ato ou pensamento inadequado"). O que predomina mesmo é uma situação onde a "irrupção" praticamente não tem como acontecer, de tão fortemente "misturada" que se encontra à "personalidade". É nesse sentido que todos parecemos mais "neuróticos" e "normais" ao mesmo tempo!
Não tenho dúvidas que isto dificulta em muito a própria pessoa perceber seu sofrimento cotidiano, pois este não "surge" mais como algo "diferente" que irrompe em determinados momentos de crise (a não ser em casos críticos mesmo). O sofrimento está ali, bem escondido, fazendo com que a pessoa praticamente não note nada de "estranho" em si.
Talvez isso ajude a entender porque boa parte dos "neuróticos" está em busca de alternativas muito mais rápidas de tratamento (e existem às dezenas), ou válvulas de escape, que lhe garantam algum tipo de bem-estar, ainda que não duradouro. A beurose está deixando de ser algo "diferente" e está se misturando ao "normal"!!!
(José Henrique P. e Silva)