sábado, 26 de julho de 2014

Psicanálise e Biofarmacologia

Qualquer um sabe que entre a psicanálise e a biofarmacologia existem encontros e desencontros. E é natural que seja assim, pois embora tratem do indivíduo elas o enxegam de ângulos distintos. Enquanto a Biofarmacologia, evidentemente, valoriza o sintoma, o corpo, o orgânico, o cérebro, o bioquímico, a Psicanálise enfatiza o PSÍQUICO e sua capacidade de afetar nossos pensamentos, ações e nosso corpo. Nunca vi motivos para uma rixa tão grande assim entre as duas disciplinas, pois a biofarmacologia, assim como a psicanálise, tem seu campo de atuação, suas conquistas. O porém que a Psicanálise coloca é quando a biofarmacologia tira do sujeito (através da medicação excessiva) aquilo que lhe é constituidor da identidade: A FALA. 

Dopar, manter em estado de torpor, pode ser um recurso útil em momentos de crise aguda onde a existência do sujeito está em risco, mas fazer disso uma prática de "cura" é só alcançar um mínimo "controle" que inviabiliza qualquer possibilidade de buscar alguma funcionalidade naquele sujeito. Mas, esta é uma discussão difícil. A sociedade e a mídia estão muito próximas da ideia de uma "cura" que venha exclusivamente através da medicação. Além disso, numa comparação simplista, o valor do tratamento inicial com fármacos antidepressivos, por exemplo, parece inferior ao da análise, embora esta, no médio e longo prazos apresente menor reincidência da depressão e efeitos mais duradouros, além de dotar o indivíduo de capacidade de enfrentamento à depressão. É um longo debate, e nenhuma solução virá como regra geral para todos. Até porque nem todos se adaptam às medicações e nem todos se adaptam à análise. O importante é manter o debate e oferecer ao indivíduo a possibilidade de escolher o que quer e o que pode fazer de si mesmo!!!

(José Henrique P. e Silva)

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