
Outro dia um paciente em análise (com fortes traços persecutórios) me disse que sentia-se o tempo inteiro preenchendo aqueles jogos de "liga pontos" para tentar provar que estava certo na forma como via o mundo. Ok, é uma razoável metáfora. Mas, ele se surpreendeu mesmo em começar a perceber que não está seguindo os pontos livremente para formar uma imagem que desconhece. O que ele faz, na verdade, é simplesmente, de forma intencional, ligar pontos que dão contorno a uma imagem que já tem em sua mente. Seu trabalho é menos o de um detetive que segue pistas para descobrir (para si) uma verdade, e mais o de alguém que liga os pontos para provar (aos outros) o que ele já sabe que é verdade. É a "certeza" e a "convicção" que tão bem alimentam a persecutoriedade e que não deixam espaço para a "dúvida"!
(José Henrique P. e Silva)
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